O mercado imobiliário desempenha um papel crucial na economia global, influenciando investimentos, geração de empregos e a estabilidade financeira de inúmeras famílias.
Entretanto, este setor está longe de ser estático. Sua dinâmica está em constante evolução, respondendo a uma gama diversificada de fatores que incluem aspectos econômicos, sociais e tecnológicos. Essas transformações são inerentes à sua natureza, marcada por mudanças que impactam significativamente sua estrutura e funcionamento.
E quais são as tendências e expectivas do mercado imobiliário para 2024? A pergunta tem circulado dos grandes players aos corretores de imóveis, naturalmente para uma preparação e para encarar as novidades do novo ciclo. Neste artigo vamos te mostrar tudo. Continue a leitura!
À medida que nos aproximamos do próximo ano, é fundamental se antecipar às tendências e aos acontecimentos que provavelmente impactarão o mercado para garantir o sucesso nos negócios.
Certezas tangíveis já se delineiam diante de nossos olhos. Uma delas é a recente aprovação do orçamento robusto de R$117 bilhões do FGTS para o próximo ano, representando um aumento significativo em relação a 2023. Esse dado é um indicativo claro de uma maior disponibilidade de crédito, especialmente direcionado para o segmento de imóveis acessíveis. Consequentemente, espera-se um impulso substancial na produção de residências, possibilitando que um número maior de indivíduos realize a aquisição de sua primeira moradia.
No cenário financeiro, a tendência de redução das taxas de juros permanece, ocorrendo simultaneamente a uma relativa estabilidade na inflação. Especialistas apontam que esse panorama é atrativo para o mercado de capitais, que, por sua vez, intensifica suas atividades, promovendo investimentos mais expressivos. No contexto atual, poucas opções de investimento apresentam tanta segurança quanto o mercado imobiliário.
Entretanto, à medida que essas oportunidades se delineiam, também surgem desafios a serem enfrentados. A crise climática, o aumento dos custos de insumos e mão de obra, além da escassez de terrenos, destacam-se como obstáculos que demandam atenção. Além disso, outras alternativas de investimento estão competindo pela preferência dos clientes, criando um cenário desafiador que requer uma abordagem estratégica por parte do setor imobiliário.
O Que Dizem Os Especialistas Do Mercado Imobiliário?
João Teodoro da Silva, Presidente do Sistema Cofeci-Creci
Eu lembro que, no ano de 2009, o Brasil foi destaque de capa da revista britânica The Economist, como uma das mais promissoras economias do mundo. A capa do periódico mostrava o Cristo Redentor decolando como um foguete. A alegria durou pouco! Em 2013, quatro anos depois, o Cristo Redentor voltava à capa da mesma revista, desgovernado, em movimento de queda livre. A metáfora referiu-se a dois momentos distintos da primeira era dos governos do PT.
Em janeiro de 2019, iniciamos um período profícuo de recuperação econômica. Entretanto, em março de 2020, fomos surpreendidos pela decretação da pandemia. Obviamente, a boa expectativa que tínhamos assimilado transformou-se em desânimo generalizado.
Em janeiro de 2023, o Presidente Lula voltou ao poder em circunstâncias econômicas bem diferentes das de sua primeira experiência. Naquela época, o mundo passava por um ciclo de forte expansão, baseado na globalização proporcionada pela tecnologia. Esta, por sua vez, impulsionava o consumo por meio das redes sociais e do e-commerce. A China crescia 10% ao ano. Diferentemente, em 2023, além dos efeitos pós Covid-19, deparamo-nos com a guerra Rússia x Ucrânia e a consequente especulação nos preços do petróleo, energia e gás.
A inflação terminou 2022 em 5,78%, quando a meta era de 3,5%, limitada abaixo a 2% e, acima, a 5%. A meta de 2023 é de 3,25% ao ano (limites entre 1,75% e 4,75%). Neste momento (análise fechada em 16/12/2023), o IPCA está em 4,68%, portanto, dentro do proposto. É possível que fechemos o ano em cerca de 4,5%. Todavia, para que a inflação fosse controlada, houve o outro lado da moeda: a elevação da taxa Selic, em que se baseiam os juros praticados na economia, inclusive os fundings imobiliários. Iniciamos o ano de 2023 com a Selic em 13,75% ao ano.
A Selic começou a baixar em agosto de 2023, de 13,75% para 13,25%. De lá até aqui, vem mantendo a queda de 0,5% a cada reunião do Copom – Comitê de Política Monetária do Banco Central. Em sua última reunião, em dezembro, a taxa baixou para 11,75%. Aparentemente, isso é muito bom, mas pode reaquecer a inflação, que está sob controle justamente por causa da elevada taxa básica de juros. Esta é o principal e mais disponível instrumento de controle inflacionário. Para 2024, a expectativa é de que a Selic chegue ao final em 9,25%.
No entanto, o mercado imobiliário reagiu bem aos juros altos e também às dúvidas geradas com a entrada de um novo governo petista. O indicador de mercado Abrainc/Fipe deduziu que nos primeiros sete meses deste ano as vendas de imóveis foram 14,4% maiores que as do mesmo período anterior. Sem dúvida, terminaremos 2023 com crescimento em torno de 12%. Muito bom diante das incertezas iniciais. O futuro também é promissor. A Consultoria Grant Thorton/BR revela que 72% dos empresários são otimistas em relação a 2024.
José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP
O ano de 2023 foi marcado por momentos significativos no mercado imobiliário, destacando-se a relevância dos imóveis usados e a inclusão do financiamento para essa categoria no programa Minha Casa Minha Vida.
Paralelamente, a queda na taxa Selic desde agosto reforçou a estabilidade nas taxas de juros para financiamentos imobiliários, gerando confiança nos contratos de longo prazo. A reforma trabalhista contribuiu para o aumento do emprego formal, fortalecendo a capacidade de comprovação de renda por meio de carteiras de trabalho assinadas.
A grande polêmica do ano foi a reforma tributária, cuja aprovação trouxe otimismo aos empresários e melhorou a percepção internacional sobre o Brasil. O ano de 2023 foi caracterizado por evoluções significativas, lançando as bases para um progresso e desenvolvimento sólidos.
Para 2024, as expectativas são otimistas devido à tendência de queda nas taxas de juros e ao cenário propício no mercado imobiliário. O crescimento populacional, casamentos, divórcios e a entrada de pessoas no mercado de trabalho prometem impulsionar o setor. A revolução prevista no mercado imobiliário em 2024, especialmente com o financiamento do Minha Casa Minha Vida para imóveis usados, é evidente nas numerosas construções e na rápida venda de empreendimentos em São Paulo.
A perspectiva de um ano de grandes evoluções em 2024 é reforçada pela disposição da Caixa Econômica Federal em participar ativamente no mercado, incluindo a comercialização de imóveis retomados e novos financiamentos. Os cursos para corretores de imóveis atuarem como correspondentes bancários adicionam um elemento de crescimento.
O Estado de São Paulo, com uma economia robusta e potencial de crescimento, é destacado como um campo propício para o setor imobiliário, com a demanda por galpões logísticos e a produção agrícola contribuindo para um crescimento expressivo em 2024.
Luiz França, presidente da Abrainc
O ano de 2023 não foi isento de obstáculos, e a resiliência do setor imobiliário foi testada em diferentes frentes. O impacto significativo dos juros elevados, notadamente afetando o segmento de Médio e Alto Padrão, exigiu uma abordagem cautelosa para atenuar seus efeitos sobre a demanda por empreendimentos.
Paralelamente, a eventual mudança na regra de remuneração do FGTS, atualmente em discussão no STF, trouxe a perspectiva de tornar milhões de famílias inelegíveis ao principal programa de habitação popular do país, acrescentando complexidade ao cenário já desafiador do elevado déficit habitacional, estimado em 7,8 milhões de moradias.
Outro ponto crucial a ser destacado é o seguro de dano estrutural, proposto pela nova Lei do programa Minha Casa, Minha Vida, cuja inclusão foi vetada pelo presidente Lula. A implementação desse seguro, mesmo sem histórico de sinistros, poderia resultar em um aumento de até 4% nos custos de construção – um montante que poderia impactar em mais de R$ 3 bilhões no custo das obras, tornando inviáveis obras destinadas à população de baixa renda.
Em 2023, o setor da construção testemunhou um crescimento notável em relação às startups, com 1.068 delas em atuação, um aumento de 12% em relação ao ano passado e sustentando uma trajetória ascendente pelo sexto ano consecutivo. As incorporadoras estão cada vez mais engajadas nesse cenário, com 38% delas já estabelecendo parcerias com proptechs e construtechs, conforme relatado pela Deloitte.
Neste ano, a sustentabilidade também se consolidou como um pilar estratégico no desenvolvimento de projetos imobiliários. A crescente conscientização ambiental impulsionou práticas mais sustentáveis, desde o design até a construção e operação de empreendimentos.
No âmbito do mercado imobiliário, vale destacar o bom desempenho do setor nas vendas, evidenciado pelo crescimento de 22,2% no número de unidades comercializadas entre janeiro e setembro de 2023. Paralelamente, observou-se uma redução de 8,1% no volume de unidades lançadas no mesmo período, ressaltando a importância de uma contínua redução das taxas de juros e a diversificação das modalidades de financiamento para impulsionar ainda mais o setor.
Para o próximo ano, vislumbramos um horizonte de oportunidades e inovações. A digitalização permanecerá como alicerce essencial para o progresso, impulsionando soluções tecnológicas avançadas e experiências personalizadas para os clientes. A busca pela sustentabilidade será intensificada, impulsionando projetos que equilibram crescimento econômico com responsabilidade ambiental.
Crédito imobiliário e o impulsionamento do setor
Com base nas declarações do presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), José Ramos Rocha Neto, o ano de 2024 pode se destacar como um período promissor para o crédito imobiliário, impulsionado pela melhoria do cenário macroeconômico.
Segundo suas previsões, espera-se que o volume de concessões de financiamento imobiliário permaneça em níveis positivos, atingindo alguns dos indicadores mais favoráveis dos últimos anos. Essa perspectiva otimista reflete as condições propícias do ambiente econômico, sinalizando um cenário promissor para o setor de crédito imobiliário no próximo ano.
Como sua imobiliária pode se preparar?
Para aproveitar as oportunidades favoráveis, é recomendável realizar treinamentos com a equipe e diversificar o portfólio. A chegada de novos perfis em busca de imóveis demanda uma resposta adaptada a diversas necessidades.
Diante disso, é crucial analisar o público-alvo e as tendências emergentes, investindo em estratégias de marketing voltadas para atrair e fidelizar uma clientela mais ampla.
Adicionalmente, é importante preparar a equipe de vendas para simplificar procedimentos e fornecer informações abrangentes sobre as variadas opções de crédito imobiliário, incluindo seus benefícios e requisitos específicos.
Verbas para moradia incentivam compra do primeiro imóvel
Em um fórum promovido pela Abrainc, o vice-presidente Geraldo Alckmin ressaltou que o orçamento destinado à habitação em 2024 experimentou um aumento expressivo, passando de R$ 80 milhões para R$ 10 bilhões, representando um incremento de 13 vezes.
Adicionalmente, foi reinstaurada a categoria "Faixa 1", destinada a residências urbanas para famílias com renda mensal bruta de até R$ 2.640 e residências rurais para famílias com renda anual bruta de até R$ 3.680.
Com tais benefícios em vigor, é esperado que a procura por residências como primeiro imóvel experimente um aumento considerável, gerando um impacto positivo no mercado imobiliário ao longo de 2024. Mesmo não se tratando de propriedades de alto valor, essa movimentação pode ser significativa e impulsionar as vendas na sua empresa.
Como sua imobiliária pode se preparar? Busque estabelecer parcerias estratégicas com incorporadoras e construtoras, concentrando seus esforços em imóveis na fase de planejamento ou em projetos em estágio inicial. Essas propriedades têm a tendência de oferecer um custo-benefício mais vantajoso para os clientes, representando ao mesmo tempo uma oportunidade para uma organização financeira mais eficiente.
Tendências para o mercado imobiliário em 2024
Os elementos-chave que conduzirão o êxito da sua imobiliária abrangem adaptabilidade, tecnologia e personalização. As novas gerações trazem consigo um poder aquisitivo e padrões de compra que estão constantemente em evolução, e este é um desses momentos de mudança.
Nesse contexto, a análise aprofundada do público torna-se mais crucial do que nunca. É imperativo compreender o comportamento, anseios e necessidades dos clientes, ajustando as estratégias de abordagem de acordo. Além disso, é essencial explorar como a tecnologia pode ser utilizada de maneira inteligente para otimizar processos, proporcionando maior facilidade e eficiência em todas as etapas do negócio.
Conclusão
Independentemente do que vier acontecer no mercado imobiliário em 2024, uma coisa é certa: a vantagem está com os profissionais que acompanham de perto as tendências e novidades do setor.
E aqui vãoalgumas dicas:
Estude a fundo seu público de interesse
Invista em posicionamento digital
Ofereça atendimento altamente personalizado e de qualidade
Contrate uma equipe multidisciplinar para atender com excelência e agilidade
Foque em experiências positivas em todas as etapas de negociação
Invista em experiências imersivas com apoio da tecnologia
Agregue valor aos imóveis para além da moradia
Aposte em formas de facilitar e desburocratizar processos
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